segunda-feira, 7 de março de 2011

Homicida em massa crítica brasileira

Como não tenho televisão, só soube desta notícia recentemente. E ainda há pessoas que apoiam este acto homicida: “Achei errado da parte dos ciclistas. (!!!) as pessoas estavam cansadas, vieram do trabalho”...”na hora de voltar para suas casas, se depararam com uma paciata que nem foi pedida permissão"... "mereceu!”

Eu quando volto do trabalho também me deparo com paciatas não autorizadas todos os dias: chama-se hora de ponta. Acho extraordinário ninguém se incomodar quando a estrada está bloqueada com o trânsito de carros, mas se for uma bicicleta: MATA!!! SAI DA ESTRADA! PALHAÇO! Eu pergunto-me: se estão parados nas duas situações, QUAL É A DIFERENÇA???

Eu digo qual a diferença: se o trânsito fosse todo de bicicletas a hora de ponta não seria tortuosa. Basta ver o espaço ocupado por uma pessoa num automóvel e o usado por uma pessoa numa bicicleta:

E isto é só o espaço! Nem me vou prolongar sobre a segurança, poluição do ar, poluição sonora, obesidade, dependência energética, custos monetários, infraestruturas, etc. Mas já se sabe, sou eu que sou activista, moralista desconectada da realidade e snob intelectual. Com muito gosto!

domingo, 6 de março de 2011

O custo da obesidade

Portugal é um dos sete países OCDE que registaram níveis mais elevados de obesidade entre as raparigas adolescentes durante o ano de 2007. E ainda existe a ideia de que uma criança gordinha é uma criança saudável (35% dos pais não conseguem reconhecer que o seu filho é obeso).

Muitos acreditam que isto é uma questão estética. Não é. Tem graves implicações de saúde e isso significa um custo não só de saúde física e mental como custos monetários:

  • Uma carteira de seringas de insulina pode custar até 70€.
  • Uma caixa de comprimidos para o colesterol custa 40€.
  • A medicação de um asmático pode chegar até aos 91€/mês
  • Uma caixa de comprimidos para a hipertensão custa 25€
  • Uma consulta no psicólogo custa 50 a 60€
  • Uma operação para colocar uma banda gástrica custa entre 6000 a 10000€.
  • Uma cadeira de rodas eléctrica custa entre 2000 e 4500€
  • Um funeral custa em média 1700€

Mesmo os não obesos têm que pagar: em Portugal tem-se apontado que 3,5% do Gasto Total com a Saúde está relacionada com a obesidade. Dados do Instituto Nacional de Saúde mostram que o total de custos com a obesidade atinge os 235 milhões de euros.

O que nos levou isto? Somos o país europeu com maior taxa de sedentarismo, um dos com mais carros per capita do mundo e cometemos cada vez mais excessos alimentares.


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Exercício prático 2.0: automóvel versus bicicleta + tp

Porque os tempos continuam a apertar e os preços a aumentar achei oportuno actualizar os preços da mobilidade, desta vez sem contar com o ginásio e sem ter em conta o tempo gasto em cada uma das hipóteses (esse não se alterou). O custo das coisas, nu e cru.

Automóvel (A2 -ponte 25 de Abril -A5)

  • 3 depósitos de gasolina/mês : 55 litros de depósito x 1.545€ x 3 = 254.925€
  • portagens da ponte 25 de abril: 1.45€ x5 dias x 4 semanas = 29.0€
  • Total despesas em euros: 283.93€
  • Em Outubro a despesa era 258.0€

Bicicleta + barco (seixal) + comboio (c.sodré -cruz-quebrada)

  • passe social: 28.10€(barco) + 30.95€ (comboio) = 59.04€
  • Total despesas em euros: 59.04€
  • Em Outubro era 52.65€*
Poupança mensal ao optar pela bicicleta + transportes
  • 283.93€ – 59.04€ = 224.89
  • Em Outubro: 258.0 – 52.65=205.35€

É interessante verificar que apesar dos preços de ambas as modalidades terem aumentado desde Outubro, a discrepância de custos aumentou ainda mais (o carro custa mais 25.98€/mês e os transportes custam mais 19.54€/mês).


*No post de Outubro enganei-me a escrever o preço do passe (assinatura mensal) do comboio e vi 3 zonas em vez de 2, pelo que o preço ficou sobrevalorizado.

Geração rasca ou à rasca?

A propósito da música dos Deolinda "que parva que sou" e da “manifestação da geração à rasca” tenho ouvido muito: que os jovens tiveram tudo, tiram cursos na faculdade só para não irem trabalhar e que lá ficam a limpar o pó às cadeiras durante anos, que saem da faculdade e não sabem nada, que não querem trabalhar, que só querem é noite e copos.

É verdade que esses existem, conheço alguns exemplares dessa fauna.

Mas existem os outros: os que estudaram porque acreditaram que assim teriam um futuro melhor, os que desde cedo trabalharam para ganhar o seu, dedicados, esforçados, obrigados a estágios não remunerados sem fim, trabalham a falsos recibos verdes por ordenados ridículos, que depois da carga de impostos ficam ainda mais ridículos. Aqueles que querem sair de casa, construir família ou simplesmente construírem-se a eles próprios mas não conseguem, porque os direitos (adquiridos) são para os outros.

E sabem o que acontece a muitos desses jovens brilhantes e trabalhadores? Saem do País (fuga dos cérebros - estima-se que um em cada dez licenciados emigre). Claro que depois me dizem: também na década de 60 saíram milhares de jovens porque cá só havia fome.

Foi uma situação terrível, é verdade, mas também é verdade que eram mão de obra não qualificada, enquanto que hoje os que saem são os melhores, os mais qualificados e esforçados que ao ver que este país só os lixa preferem ser os agentes de mudança no estrangeiro. Conheço muitos destes casos. "Portugal é um país de baixas qualificações e está a deixar ir embora quem poderia trazer mais competitividade à economia".

A questão é: bandalhos há muitos, em todas as idades, formas e feitios. Não é por eles, nem com eles que se mudam as coisas. Pessoas qualificadas e que se esforçam também as há, mesmo na geração rasca. E também já se sabe que antes as coisas eram más, mas isso também não é justificação para agora não lutarmos para que sejam melhores.

Assim, eu, que comecei a trabalhar antes de terminar a licenciatura, que fui obrigada a fazer mais de 20 meses de estágios não remunerados, que trabalho a falsos recibos verdes, que ganho menos que o ordenado mínimo nacional e que neste momento estou seriamente a pensar em sair do país, vou à manifestação dia 12 de Março de 2011 na Avenida da Liberdade!

Se também se sentem lixados, independentemente da idade ou estatuto social, exijam ser ouvidos! (os amorfos podem ao menos ir passear na avenida e ver o desenrolar da coisa, é capaz de ser giro ...)