domingo, 30 de janeiro de 2011

Solidão

Fico muito contente quando chego ao barco do Seixal pela manhã e vejo isto:


E até reconheço uma delas da cicloficina! Como já escrevi antes, talvez sejam os tais ventos de mudança... O pior é quando chego ao trabalho e vejo isto:

A ninja é a única bicicleta estacionada. Pode ser que na Primavera haja mais adesão, o preço da gasolina nessa altura será um grande estímulo para que isso aconteça! Até lá a minha pasteleira fica na solidão...

Transportes Públicos - o drama

Foi há já algumas semanas que a Transtejo decidiu eliminar 5 carreiras na hora de ponta nos barco que fazem a ligação entre Seixal e Lisboa, passando o tempo de espera entre barcos de 15 para 25minutos. Fora das horas de ponta há barcos apenas de hora a hora e o último barco durante a semana é às 23.30h, sendo que o primeiro é as 06.10h. Ao fim de semana o último barco é às 21.40h! O mesmo problema ocorre com o comboio da Fertagus: o último comboio sai de Roma-Areiro à 01.27h e o primeiro às 05.42h. Ao fim de semana o último comboio sai de Roma-Areeiro às 00.42h.

Portanto quem trabalha por turnos, ou alguém que por qualquer motivo saia tarde Lisboa… AZAR! Vão a nado. Isto é especialmente grave quando temos tantos acidentes na estrada com jovens condutores embriagados que vêm da noite de Lisboa. Claro que a culpa é de quem bebe e conduz, mas a verdade é que não existem alternativas ao carro no regresso a casa.

Dentro da margem sul o drama é ainda pior. O metro sul do Tejo é o que se sabe: não liga nada a nada, linha mal pensada, buraco orçamental, na minha zona nem vê-lo. Os autocarros são uma comédia. Eu de bicicleta demoro 20 minutos (em média) da minha casa aos barcos do Seixal, a camioneta demora 25minutos. É anedótico.

Para quem tem o passe social é monetariamente vantajoso utilizar os transportes públicos, mas para um utilizador ocasional não. Os bilhetes únicos são caríssimos. Se eu quiser ir passear a Lisboa ao fim-de-semana com uns quantos amigos seja de barco seja de comboio,sai-me muito mais barato ir de carro do que comprar bilhetes, o que é inaceitável.

Se quisermos que haja uma maior adesão aos transportes públicos há que torná-los mais atractivos, mais baratos, mais confortáveis, mais práticos, com maior flexibilidade de horários, maior ligação entre eles. Uma sociedade realmente desenvolvida não é aquela que obriga o cidadão a ter carro (com todas as despesas e prejuízos para a saúde e a cidadania que isso envolve), mas sim aquela em que a mobilidade é assegurada igualmente para todos. Para quando um investimento na qualidade de vida do cidadão?

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Cyclefish

A maior parte dos ciclista com quem me cruzo na margem sul são senhores da terceira idade. Talvez por se lembrarem de como era possível a vida sem carro quando eram mais jovens, talvez por terem menos rendimentos e terem que recorrer a um transporte mais barato, ou simplesmente porque gostam.

Seja como for é bom perceber que se uma população supostamente mais frágil o consegue é porque não é assim tão difícil pedalar no dia-a-dia.

Cyclefish - vestido normalmente para pescar e pedalar

Muitos desses senhores fazem o seu caminho até ao rio para pescarem. Ganham saúde a pedalar, passam o seu tempo a pescar e ainda chegam a casa com o jantar na cesta. Nada mau :)

Lisboa impermeável

Lisboa é a quarta capital europeia com mais o solo mais impermeabilizado, diz a Agência Europeia de Ambiente - European Environment Agency.

Excesso de espaço dedicado aos automóveis (estradas, estacionamentos) e à construção e a falta de espaços verdes (jardins, logradouros) tem levado a qualidade de vida em Lisboa e arredores, tal como em muitas outras cidades portuguesas, a descer.


As cheias anuais são apenas um dos preços a pagar (e claro que a falta de limpeza e manutenção dos esgotos e sarjetas não ajudam), mas também a qualidade do ar e o aumento de temperatura se tornam sufocantes.


Os logradouros, os jardins urbanos, as ruas e os estacionamentos com árvores para fazer sombra (em vez daquelas palas horríveis que agora se põem em todo o lado) fazem uma grande diferença. Para quando uma aposta na qualidade de vida do cidadão?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Anti-stress

Mais um regresso a casa anti-stress. Há dias em que é mesmo preciso.

Adoptar um amigo

Este é o gato Kishiro. Foi encontrado na rua debaixo de um carro, a sufocar na própria coleira. Estava magro, sujo, doente e à beira da morte. Era claramente um gato de casa que não sabia sobreviver sozinho.

Foi apanhado por uma associação de animais de rua e ficou numa casa adoptiva à espera que alguém o quisesse. Como era quase adulto e estava doente ninguém o queria. Não tinha outra escolha senão voltar para a rua e morrer, ou ir para um canil e ser abatido.

Quantas histórias como esta não existem? Não comprem animais, há muitos que foram abandonados e que precisam de um lar urgentemente. Todos os canis têm animais para adopção, incluindo alguns de raça pura. Para quem vive no Seixal, o canil tem campanhas de adopção regulares, vejam aqui.

É de uma tremenda falta de humanidade abandonar quem não tem culpa, quem não percebe e quem nos é fiel. Ah, e não fiquem tristes, o Kishiro tornou-se o meu companheiro de aventuras e hoje é o gato mais mimado à face da Terra.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cicloficina de Janeiro

A cicloficina seixalense de Janeiro já decorreu na nova casa, no Clube de Canoagem da Amora (situado no mercado velho da Amora), numa manhã domingueira bastante fria.

Aqui está a D. a experimentar a sua bicicleta depois de afinada (com o meu olhar atento, pois a sua condução não era exactamente linear ihihihi) :

O mecânico de serviço fartou-se de trabalhar, enquanto os outros ficaram a admirar as biclas do pessoal e na conversa , trocando dicas, experiências e ideias de conquista do mundo. Aqui estão duas alegres ciclistas (sendo que eu sou a croma da direita).


O único problema da ninja foi a ferrugem que se começou a acumular em alguns parafusos, talvez por ficar estacionada na rua quando vou trabalhar e ficar exposta aos elementos invernais. De resto está boa de saúde e recomenda-se!

Também marcaram presença uma dobrável, uma pasteleira preta, uma bicicleta de montanha e uma lindíssima pasteleira verde dos anos 90 (fiquei enamorada, confesso), que infelizmente não aparece em nenhuma foto.

E aqui estou eu com o sr. Nelson Gomes, que emprestou o espaço do Clube de Canoagem à cicloficina. Mais uma vez muito obrigada (reparem que o mecânico continua a trabalhar enquanto eu apanho sol ehehehe).
Para quem é da margem sul já sabem: todos os terceiros domingos do mês, a partir das 9.00h no Clube de Canoagem da Amora. Apareçam!

Agradecimento ao Clube de Canoagem da Amora

O pessoal da cicloficina do Seixal andou à procura de um sítio para reunir e promover o uso da bicicleta e arranjar-las à borlix sem lhes chover em cima.

Foi feita um apelo à câmara municipal do Seixal, que respondeu alguns meses depois dizendo que não existia nenhum espaço adequado para o pretendido... custa-me a crer que não haja um único espaço coberto que possa ser usado num projecto de voluntariado com o intuito de melhorar a mobilidade dos seus cidadãos.

Felizmente o Clube de Canoagem da Amora deu um passo em frente e imediatamente disponibilizou o espaço. A eles um muito obrigado, bem hajam. É preciso mais pessoas assim: disponíveis para ajudar os poucos que querem ajudar os muitos.


domingo, 23 de janeiro de 2011

Levantar o cú do sofá, está difícil

54% de abstenção. Num momento de crise em que direitos são ameaçados e deveres não são cumpridos, mais de metade dos portugueses nada têm a dizer aos poderes políticos. Este é um grande problema de Portugal: a inércia. Todos dizem mal, mas ninguém faz nada para mudar o que os incomoda.
  • Dizem que os políticos são corruptos e que as coisas em Portugal estão mal, mas dão-lhes oportunidade para mudar as coisas e ninguém levanta o cú do sofá para ir votar;
  • Dizem que os combustíveis estão muito caros e que já não têm dinheiro, mas continuam todos a andar de carro;
  • Dizem que as coisas no trabalho estão mal, mas não aumentam a sua produtividade;
  • Dizem que a educação está pior que nunca, mas não ensinam aos filhos que bater nos professores é errado;
  • Dizem que o sistema de saúde é péssimo, mas também não têm cuidado com a própria saúde, não comem bem, não fazem desporto, não fazem nada;
  • Dizem que a criminalidade cresceu e que a polícia não faz nada, mas se virem alguém a ser assaltado na rua não são capazes de ajudar;
  • Dizem que as crianças já não podem sequer brincar na rua, mas são eles próprios que conduzem em zonas residenciais em excesso de velocidade;
  • Dizem que as ruas estão sujas, mas sempre que vão passear o cão não limpam o cocó que ele faz.

Dizem muita coisa, mas FAZER seja o que for? Está quieto, que no sofá é que se está bem.

O bólide da minha mãe

O dono original da pasteleira ninja era a minha mãe e eu quando a vi apaixonei-me e roubei-a. Confesso. A minha mãezinha usava a ninja para ir ao café, para ir trabalhar, para passear e eu num golpe egoísta levei-a só para mim. Entretanto, já conformada que eu não lhe devolveria a bicicleta, ela foi à procura de outra. Encontrou-a:

É linda, verde, com um volante bem alto, rodas e pára-lamas mais largas que o normal e é uma fixed gear! (não tem travão de trás, trava-se com os pedais). A minha mãe conduz uma fixie! Mãe mais cool não há!

Para além de cool é cyclechic! Mas alguém diria que esta senhora faz 50 anos daqui a uns meses? Elegância em pessoa.

Votar: mais do que um direito, um dever!

No passado tu não poderias votar. A tua opinião era considerada desnecessária, os teus direitos eram-te negados, a tua voz era oprimida. Por viveres numa monarquia, por viveres num regime, por seres mulher, por não seres branco, por não seres nobre, por não seres rico, por não seres militar. As justificações foram muitas.

Hoje tu podes votar! Hoje se te sentes incomodado com a situação do país podes ir às urnas e mostrar o teu desagrado. Uma única cruz num papel. Houve quem morresse para te dar este direito.

Vale a pena pensar nisto.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ventos de mudança

É com muito prazer que vejo cada vez mais bicicletas na rua. Hoje cheguei de manhã ao barco e vi algumas bicicletas estacionadas (até reconheci uma delas da cicloficina ehehe), no cais do sodré passaram por mim dois ciclistas muito cycle chic e no regreso a casa vim a partilhar a carruagem com um colega do pedal. Fico contente, pois claro!

Para celebrar o estado de espírito fiz uma pequena paragem no regresso a casa e tirei uma fotografia que ilustra muito bem o prazer que é pedalar à beira-rio de noite, depois de um dia de trabalho.

...anti-stress...

Comércio tradicional

A ideia que ir ao centro comercial ou ao supermercado sai mais barato e é mais cómodo não é sempre verdadeira. Os supermercados têm um sistema de marketing e de estímulo de consumo que nos leva a tentações e muitas vezes acabamos por comprar aquilo que não precisamos, ou aquilo que não é bom para o nosso corpo, saúde e bem-estar, para além de que se gasta dinheiro com o carro e tempo nas filas para pagar. Estar num sítio com ar condicionado no meio de uma multidão, onde há filas para entrar, filas para pagar, filas para comer, filas para sair… para mim é um sacrifício.

Prefiro percorrer as ruas a pé,
levar com o vento na cara e o sol nos olhos, escolher produtos frescos com muito mais qualidade, ter um atendimento simpático e afável e não ter de pagar mais por isso, ao mesmo tempo que apoio o comércio local e estabeleço contacto com as pessoas da minha comunidade.

A solução será, talvez, recorrer aos dois tipos de comércio: ir de vez em quando ao supermercado para comprar coisas básicas e avulso (esparguete, cereais, arroz, etc) e ao comércio tradicional para comprar os frescos (fruta, vegetais, peixe, leite, pão, etc).

Experimentem e vão ver que é muito mais agradável e amigável para o bolso.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Cicloturismo

Uma tarde de sábado com um sol bestial. Os amigos estão todos ocupados. Hipótese A: ficar em casa amuada. Hipótese B: pegar na pasteleira ninja e pedalar com destino incerto.

Então vamos lá!

Passeando pela marginal do Seixal...

Até dá para tirar um foto meio suicida

E admirar os meus dois meios de transporte favoritos (os meus pezinhos e os pedais da ninja)

Desviando por uma pequena rua secundária para fugir aos carros...

E aproveitar para descansar num banco de jardim

E fazer de paparazzi

E até dá para passar pela mercearia e comprar uns fresquinhos :)

Eu cá digo... tarde bem passada!